Eu sou o homem negro
Vim pra cá acorrentado em navios negreiros
Como um animal
Como um animal
Enfiei minhas mãos na terra pra plantar
Na Casa Grande o senhorio fui servir
Como escravo me obrigaram a trabalhar
A trabalhar
A trabalhar
Tentei fugir
Mas conseguiram me apanhar
Sem ter pra onde ir
Conseguiram me pegar
Eu apanhei como um animal
Como um animal eu apanhei
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Eu sou o homem negro
Que cansado de apanhar
Fugi para o Quilombo dos Palmares
E fui lutar como um guerreiro
Meu sangue na terra derramei
Milhares de inimigos em batalha derrubei
Eu lutei como um animal
Como um animal eu lutei
O senhorio cansado de perder
Resolveu então me libertar
Me pagar pra trabalhar
Pra trabalhar vou receber
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Eu sou o homem negro
Que sem ter onde ficar
Na favela me instalei
Pra favela me mudei
Na favela fui morar
Fiz de tudo para trabalhar
O que eu ganhava mal dava pra pagar
Cinco bocas para alimentar
Cinco bocas chorando sem parar
Mais uma vez sem opção
Mais uma vez sem solução
Eu me tornei um marginal
Um marginal por condição
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Chibatadas no negro ladrão
Chibatadas levei
Chibatadas no negro fujão
Chibatadas levei
Outra vez fui enganado
Outra vez sou um escravo
Um escravo remunerado
Outra vez
Se precisar vou recomeçar tudo outra vez
Vou recomeçar mais uma vez
E outra vez
Porque eu sou o homem negro
Porque eu sou o homem negro
Porque eu sou o homem negro
Porque eu sou o homem negro